
Sentamos no degrau da fábrica e parecíamos dois moleques travessos.Fiz cara de gente grande, empinei o dedo em sinal de discurso e empolei:
- Eu queria te dizer um negócio que tá engasgado aqui dentro de mim.Um negócio que tá tirando o meu sono e me deixando nervosa.
- Já sei.O primeiro amor é assim mesmo. A gente sofre pra caramba, mas eu vou ser compreensivo com vc. Sou um cara experiente e já passei por isto quando tinha a sua idade.Vai dizer que gosta de mim...Fala logo, docinho.
- NÃO, vou dizer que não gosto da sua maconha.E se vc não se cuidar, docinho, vou ficar viúva antes da hora.
Seu sorriso fingido foi se desfazendo e corou.
- Tá tudo bem.- abaixou os olhos.
- Vou dizer também que apesar de ser uma idiota, sou também sua amiga.Se precisar de mim, estamos ai.
Devagarinho foi se aproximando e apertou a minha mão na sua, numa única energia.Éramos casados e já sabíamos.
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