
Eu estava ainda com um quilo de serpentina no cabelo quando aquele verme passou por mim rebolando a carcacinha.
Me escondi debaixo do muro e lhe taquei uma golfada de água na fuça.
- ÊEEE, viva o carnaval! - cantarolei.- O pierrô apaixonadoooooo...
Levantou os olhos trincados de desprezo.
- Vai brincar com gente da sua idade, pivete.
- Ai, idoso! Vc é um velho rabugento.
- Não gosto deste tipo de brincadeira.
- Ah, vc não gosta, é?
E então abri mais a torneira lhe dando um banho da cabeça aos pés.Mirei bem no cigarro entalado dentro da sua boca e apaguei a brasa num jato fulminante.
- Vivaaaa!
- Filha da mãe!
Pulou o muro e me pegou ali mesmo no degrau da minha casa.Rolamos no chão aos gritos.A vizinhança apareceu na janela.Acodeeeee!
Nos encaramos com os corpos molhados e suados:
- Vc vou pular carnaval, né? Eu te disse que não era pra ir.Fogueteira!
Levantou-se, pegou o toco do cigarro ensopado e meteu no canto da boca.
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