
Chuta daqui e dali e a bola caiu no telhado da Danana.Nisso o Fábio apareceu na porta da fábrica só pra meter o pitaco:
-Ê molecada perna de pau! Só podia ser mesmo a dona Silmara...
Pegou o bambu e veio ao nosso encontro.
- Pode parar.Não precisamos de vc pra nada.Eu mesmo pego.
E muito metida subi no muro com tudo e fiquei dependurada com uma perna só.
- Quer que eu te ajudo? - ria.
- Não precisa.Me deixa.
E quanto mais eu me mexia, mas ficava dependurada.Rasguei a calça e suava frio naquele sol de lascar.
- Eu te pego.
- Fica longe de mim, seu tarado!
- Eu vou almoçar, tá? Qualquer coisa então me dá um grito.
E quando já estava fechando o portão da sua casa, gritei quase num miado:
- Fábiooooo, me tira daqui!
E ele veio com aquele jeitinho manso.
- Segura no meu pescoço.
Fui deslizando lentamente no seu corpo suado e sujo de estopa até que nossos lábios se tocaram pela primeira vez.Ele me abraçou forte, sussurando no meu ouvido num italiano ofegante:
- Io te voglio benne!
- Me solta.
- Eu te amo.
E me soltou indo embora.EU também o amava mais do que tudo na vida!
02 de fevereiro de 1981
7 horas e 45 minutos - noite-
segunda-feira/ calor
Nenhum comentário:
Postar um comentário