jOÃO PEDRO CAMPEÃOOOO!

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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Santa cabeça de alho


















Então quer dizer que viemos para Sampa "fugidos da seca"? Ou melhor, fugidos da pobreza.Da pobreza daquela gente fofoqueira que falavam de mim até pelos cotovelos, sem piedade alguma, pois eu era uma criança de 05 anos que não sabia o motivo de tanto deboche.Então quer dizer que meu pai , aquele homem generoso que cuidava de mim como sua verdadeira filha, havia resolvido sair fora daquela cidadezinha xoxa porque as pessoas sabiam da minha história e comentavam nas esquinas que eu era uma filha da "puta"? Comentavam e sorriam pra mim, e eu devolvia o gesto sem perceber que os filhos da puta eram eles.
Aos poucos fui entendendo que era uma menina sem raízes, completamente misteriosa.Talvez a filha do boto, quem sabe.Prima da loira do banheiro.Tia da curupira e irmã do saci pererê.
Tudo isso com muito charme para não dar bandeira.Para que pudessem me aturar só um pouquinho mais...Quem sabe até os 18 anos; idade bacana para sair fora e me cuidar sozinha.Na minha santa cabeça de alho passava mil pensamentos.Por mais que soubesse que era muito amada, parecia que pisava em ovos.Lá no fundinho do peito queria saber toda a minha história.A história verdadeira.Sem preconceitos ou tabus.Mas ninguém falava coisa com coisa e preferi enjaular para dentro de mim saudades de uma mãe completamente esfomeada que me abandonou numa curva de rio, sem eira e nem beira, a troco de uma penca de banana podre.Passei a odiá-la por noites mal dormidas.
- Gulosona do caramba! Que morra.
Aliás, diziam as más linguas que ela havia morrido vítima de um aborto mal feito.Tudo bem.Que perambule eternamente pelo vale dos lombriguentos.
- Loira postiça! Por que me abandonou?
E se fosse morena?
- Morena fulera, por que me deixou num galinheiro sujo? Neguinha safada!
Será que era mesmo safada? Sei lá. Nunca soube.Diziam que era bonita.Pior ainda.Depois fechava os olhos e chorava em silêncio.
- Parece que sinto o seu cheiro.
O cheiro da picaretagem.- resmungava em soluços.
Isso ninguém soube.Não podia reclamar.E se eles me devolvessem pras galinhas? Quando soube que era adotada tinha quase sete anos e viajava na maionese com meus pensamentos terroristas.
- Picareta de uma figa.Se você viesse me buscar, eu ia embora daqui.

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