
Aos 11 anos de idade eu era obcecada por escrever textos, principalmente em inglês.Caracas, hein? Só que o meu inglês era tirado das legendas dos filmes.Anotava rapidamente num caderno a conversa dos artistas, a tradução no rodapé da TV e como se pronunciava aquela palavra em português.Depois ia até o espelho com um quilo de chicléts na boca para a língua ficar mais elástica e fazia caras e bocas numa interpretação digna de aplausos;
- Ailoveiu, mai diar.Guudimorningui mister magu!- com direito a piscadinha de olho no final.
Repetia mil vezes o mesmo textinho mixuruca até decorar tudo.Passava horas fazendo isto.Criava histórias com ilustrações nas folhas do caderno e já dizia que seria uma grande escritora.Meu pai, coitado, balançava a cabeça pra lá e pra cá:
- Ela acha que é filha do Silvio Santos.Eu sou porteiro de gráfica, menina.Acordaaa1
Eu bufava de raiva.Queria ler para ele as minhas estórias, mas estava sempre cansado e dormia antes mesmo de terminar o primeiro capítulo.Comecei a ficar invocada com o meu pai.Achava que ele sentia desprezo por mim e uma mágoa estranha foi crescendo dentro do meu coração.
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