
Levantei os olhos perdidos naquele batalhão de saúde que dançava alucinadamente, rebolando por todos os cantos do corpo no ritmo do chicléts.Eu estava numa danceteria pela primeira vez e toda a minha energia se dilacerava enquanto ele morria e eu me matava por dentro.Nossas músicas e nossas dores sendo interpretadas por personagens alheios a nós.
Fazia três meses que não o amava mais.Não merecia mais sofrer!
Continuarei sua como uma viúva que se satisfaz apenas em recordar o passado vivo, mas que conserva para o mundo a sua virgindade sepucral.Tantas caras e caretas num bonito mundano enquanto éramos tristes, pobres e feios na Fita! Feios por não possuírmos mais o brilho da vida.Última música da noite e ofereci a ele.Ele quem? Perguntaram.Um Zé Ninguém que vivia muito distante do planeta Terra.Alguns riram achando que eu estava bêbada.
- Ofereço esta música para um voador do espaço...
Nisso me empurraram na multidão e fui confundida com o som na pista muito louca.
Saí pela rua sozinha na noite fria da Mooca.Usava uma mini saia, meia fina,bota com salto e um casaco preto.Só faltava beber.Só faltava fumar...Parecia uma meretriz sem coração, vazia de sexo e á procura de amor.
Queria minha mãe.Um nojo daquela gente dançante!Quase vomitei.Nojo do caminhão, da fábrica, da minha impotência diante de tanta loucura...Deus era mau.Voltei pra casa, escorreguei na porta e dormi no chão.
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