
Comecei a namorar em casa com um cabelereiro que mais parecia um cofrinho coin-coin.Tinha banha até no branco do olho.Morria de desgosto e me mordia de raiva todas ás vezes que aparecia com aquele topete turbinado.O namoro já táva fazendo Bodas de Ouro, mas nunca havíamos nos beijado.Só na testa.Eu precisava dele para esquecer o Fábio.Quando apontava na rua com o seu fuscão preto, segurando a porta numa mão e o pneu no pescoço, Fábio aparecia do nada feito um terremoto.
- Oi, beleza? Quem é vc?
- Sou o namorado da Silmara.
- Ah, até que enfim ela desencalhou.
Eu queria morrer.
- Esta caranga é sua? Bacana! Demais.- dizia já entrando dentro do carro.
- Pô, vamos dar uma volta nós três.Entra ai, Silmara.VAMO chupar um sorvete pra comemorar.O seu namorado paga, não paga? Sabe, sou irmão de criação dela e a tia Maria só deixa a Silmara namorar comigo na cola, entendeu, né?
E lá íamos nós.Todos as noites saíamos nós três pra Paes de Barros e nunca consegui ser beijada pelo namorado porque o Fábio ficava de vela.
- Vc não se incomoda, não né? É costume familiar.
- Tudo bem, Fábio.Tudo bem.
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