Nunca mais toquei naquele assunto com a minha mãe.Era como se fosse um papo proibido, secreto, sacramentado pelo cimento do silêncio.Não vou dizer que fiquei imensamente feliz em saber que era filha adotiva.Saber desse detalhe não doía nada em mim.Aliás, eu fazia de tudo para dar a entender que estava tudo bem.Só que tinha os meus pensamentos fúnebres e chorava quietinha no escuro do quarto.Usava rabinho de cavalo, bota ortopédica, casaco de lã doado pela família camarada do meu pai,calças largas de outros primos maiores que eu...Esses detalhes fizeram parte da minha infância, que num estralar de dedos foi dando lugar a uma nova fase da minha vida.Uma fase que começou quando meus pais resolveram alugar uma casa em outro bairro e num final de semana qualquer fizemos nossa singela mudança.Tia Etelvina deu a maior força nos presenteando com alguns moveis usados.Tudo de bom!